Livro: Alucinadamente Feliz

“Este é um livro engraçado sobre viver com um transtorno mental. Parece uma combinação terrível, mas, falo por mim, tenho transtorno mental e algumas das pessoas mais hilárias que conheço também têm. Então, se você não gostar do livro, talvez só não seja louco o bastante para isso. No fim das contas, você sai ganhando de um jeito ou de outro.” – Alucinadamente Feliz, pág. 16.

Jenny Lawson, autora do livro, é uma mulher extremamente engraçada e com uma mente fora do comum, que proporciona boas gargalhadas àqueles que reservam um pouco de seu tempo para ler as coisas que ela escreve. Porém, nem tudo na vida dela é feliz e salpicado com gargalhadas ou momentos coloridos. Na verdade, muitas vezes, ela precisa passar por momentos de tristeza, estresse e ansiedade. Isso porque Jenny possui uma série de transtornos mentais, sendo diagnosticada com depressão e transtorno de ansiedade.

Talvez você esteja se perguntando como uma pessoa que passa por tantas dificuldades no cotidiano consegue ser tão engraçada. Bem, tudo começou com o movimento “Alucinadamente Feliz”, que Jenny criou no seu blog The Bloggess, após passar por um período em que sua depressão estava muito forte.

“Outubro de 2010:

De modo geral, os últimos seis meses têm sido uma tragédia vitoriana. Hoje meu marido, Victor, me entregou uma carta informando a morte inesperada de mais um amigo. Talvez você imagine que isso vai me lançar numa espiral de ansiolíticos e músicas da Regina Spektor, mas não. Não vai. Estou de saco cheio da tristeza e não sei qual é o problema do universo, mas pra mim JÁ CHEGA. VOU SER ALUCINADAMENTE FELIZ, SÓ DE RAIVA.
“Deu para ouvir? Isso sou eu sorrindo, minha gente. Estou sorrindo tanto que dá para ouvir daí. Vou destruir o maldito universo com a minha alegria irracional e vou vomitar fotos de gatinhos desastrados e cachorrinhos adotados por guaxinins e LHAMAS RECÉM-NASCIDAS FODÁSTICAS COBERTAS DE GLITTER E DE SANGUE DE VAMPIROS SENSUAIS E VAI SER INCRÍVEL. Aliás, estou iniciando um movimento agora mesmo. O movimento ALUCINADAMENTE FELIZ. E vai ser incrível. Em primeiro lugar, porque vamos ser VEEMENTEMENTE felizes e, em segundo, porque isso vai fazer todo mundo que nos odeia se cagar de medo, pois esses babacas não querem nos ver nem um tanto entretidos, que dirá alucinadamente felizes — o que vai nos deixar ainda mais felizes. Legitimamente. Então o mundo vai pender para o nosso lado. Nós: 1. Babacas: 8.000.000. Esse placar não parece muito satisfatório, afinal eles saíram na frente. Só que sabe de uma coisa? Foda-se. Vamos começar do zero. 
Nós: 1. Babacas: 0.” – Alucinadamente Feliz, págs. 18 e 19, com postagem original aqui.

Vocês conseguem ver como a Jenny consegue ser incrível? Então, do mesmo jeito é o livro dela. ❤ Se você não acredita, é só dar uma olhada nos elogios antecipados de outros autores, que ela mesma escreveu.

“Foi o melhor de todos os livros, a pior de todas as escovas de cabelo. Leiam. Não desfiem os cabelos com ele. — CHARLES DICKENS

Jesus me deu este livro quando terminou de lê-lo, dizendo: “Você tem que ler esta merda, Kevin. É fodástico.” Jesus é péssimo para gravar nomes. — ERNEST HEMINGWAY

Há poucas pessoas que amo de verdade, e menos ainda que posso elogiar, mas só uma cujo rosto quero arrancar e usar como máscara em meus aposentos. Trancai vossa porta, senhora Lawson. — JANE AUSTEN” – Alucinadamente Feliz.

Outra coisa maravilhosa da Jenny é que ela não só tem um pai que trabalha empalhando animais, como ela mesma possui alguns desses “amiguinhos” em sua própria custódia (mas apenas aqueles que morreram de formas naturais, obviamente. Jenny – e eu, só para deixar claro – é contra qualquer maltrato aos animais). Exemplos maravilhosos disso são Rory E Rory Também, dois guaxinins maravilhosos que estão eternizados em expressões alucinadamente felizes, com Rory sendo o modelo da capa do livro.

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Rory e Rory Também. Fonte: Instagram da autora.

Para completar a perfeição desse livro, a autora ainda criou uma capa alternativa por um motivo maravilhoso:

Capa alternativa e Jenny sendo metade guaxinim. Fontes: Intrínseca e Instagram da autora.

“A grande sacada dessa capa é que, quando você estiver segurando o livro para lê-lo, vai parecer que a parte inferior do seu rosto foi substituída pelo sorriso extasiado de um guaxinim. Desse modo, você vai parecer ao mesmo tempo simpático e aterrorizante para todo mundo que passar, o que é bom, pois assim as pessoas não vão atrapalhar sua leitura. Na verdade, é possível arrancar a página anterior e fazer cópias dela para colar nas capas de todos os seus livros, como uma placa sutil de “Não Perturbe”. Talvez os outros comecem a pensar que você lê muito devagar depois de alguns anos fazendo isso, mas vale a pena pela paz que terá e pela alegria adicional de ser metade guaxinim.” – Alucinadamente Feliz.

Mais uma vez, percebem como a Jenny é incrível? Porém, apesar de toda a alegria, o livro não é composto apenas por momentos entusiasmados. O livro de Jenny é intercalado entre capítulos alucinadamente felizes e notavelmente tristes, como a vida dela. É quase como uma montanha-russa emocional.

“Eu queria que alguém tivesse me contado essa verdade simples, mas difícil de entender: mesmo quando tudo está dando certo, ainda dá para se sentir triste. Ou ansiosa. Ou desconfortavelmente entorpecida. Afinal, nem sempre se pode controlar o cérebro ou as emoções, mesmo quando as coisas estão perfeitas.” – Alucinadamente Feliz, pág. 264.

Porém, creio que é isso que faz de “Alucinadamente Feliz” um livro tão maravilhoso em tantos aspectos. Com sua escrita, Jenny traz esperança para todos aqueles que passam pelo mesmo que ela ou que convivem com quem passa por isso e sabem como é difícil superar tais momentos de escuridão e de demônios internos.

“Sem a escuridão, não há luz. Sem a dor, não há alívio. E me lembro de que tenho a sorte de conseguir sentir tanta tristeza e também tanta alegria. Posso tomar cada momento de alegria e viver esses momentos, porque já vi o grande contraste da passagem da escuridão para a luz, e também do caminho contrário. Sou privilegiada por conseguir reconhecer que o som do riso é uma bênção, é música. Por perceber que as horas felizes passadas com minha família e meus amigos são tesouros extraordinários a serem guardados, porque esses momentos são como medicamentos, como bálsamos. São uma promessa de que vale a pena lutar pela vida, e essa promessa é o que me faz prosseguir quando a depressão distorce a realidade e tenta me convencer do contrário.” – Alucinadamente Feliz, pág. 107.

Por essas e outras, é impossível terminar esse livro sem se sentir… bem, alucinadamente feliz. (sim, vai ter trocadilho bobo com o título do livro porque a vida é mais divertida assim.) 🙂

P.S.: Achei que vocês mereciam ver uma foto de Jenny vestida de coala com um coala ao lado para terem um dia mais bonito.

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De nada. ❤


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